Publicado pelo Instituto Ciência Hoje em 10/02/2014 (Acesse o artigo neste link)
Mais que mil palavras
Vídeos com animações em
três dimensões buscam transmitir de forma mais simples o conhecimento
sobre o ciclo de vida dos agentes causadores da leishmaniose e da doença
de Chagas.
Uma imagem, como diz o ditado, vale mais que mil palavras. E pode
informar melhor do que muitas páginas descritivas. Ferramentas
tecnológicas como vídeos, por exemplo, podem ajudar a explicar de modo
mais fácil conceitos científicos. Partindo desse princípio, os
pesquisadores Wanderley de Souza e Marlene Benchimol, do Instituto
Nacional de Ciência e Tecnologia de Biologia Estrutural e Bioimagem
(Inbeb), estão produzindo vídeos com animações em três dimensões para melhor explicar o ciclo de vida dos agentes causadores da leishmaniose e da doença de Chagas.
O principal objetivo do projeto, segundo um de seus participantes, o
biólogo Dirceu Esdras Teixeira, é facilitar o acesso ao conhecimento
científico. Os vídeos também apresentam os dados mais recentes
disponíveis sobre a biologia dos protozoários Trypanosoma cruzi (responsável pela doença de Chagas) e Leishmania
(responsável pela leishmaniose). “Boa parte dos livros usados em salas
de aula estava desatualizada”, afirma Teixeira. “No caso da Leishmania,
destacamos a parte do ciclo biológico do protozoário no corpo do
inseto; este ciclo é pouco conhecido. É diferente quando você visualiza o
ciclo de vida e quando você o descreve.”
Para o pesquisador, as figuras bidimensionais usadas tradicionalmente
em salas de aula podem levar a equívocos durante o aprendizado.
“Normalmente, professores desenham no quadro uma célula, que é
tridimensional, de forma bidimensional. Assim, importantes relações
espaciais não são compreendidas, algumas informações acabam se perdendo e
os alunos não formam conceitos completamente corretos.” Com os vídeos
em três dimensões, mais próximos da realidade, será mais fácil, segundo
Teixeira, assimilar o conteúdo científico, ou seja, visualizar o
processo e entendê-lo.
Quem produz os vídeos tridimensionais é o designer gráfico Paulo Henrique Crepaldi, do Núcleo de Animações Científicas do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). A equipe já tinha experiência na produção de animações científicas para o curso de biologia a distância de Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cederj). “Já estávamos familiarizados com toda a teoria de aprendizagem envolvida nesse processo”, afirma o pesquisador. A produção dos vídeos é relatada em artigos publicados nas revistas PLOS Pathogens e PLOS Neglected Tropical Diseases.
Aplicações e desdobramentos
Além de importantes para ilustração de artigos ou para apresentações
em congressos científicos, Teixeira explica que os vídeos são uma forma
de aprendizagem lúdica e acessível a alunos desde o ensino médio até a
pós-graduação. Um dos primeiros vídeos produzidos, sobre o ciclo de vida
do Trypanossoma cruzi, foi distribuído para as escolas
públicas de ensino médio do Rio de Janeiro, acompanhado de um atlas
didático com as ilustrações em três dimensões e um CD com as animações. O
grupo pretende fazer o mesmo com o material sobre o ciclo de vida da Leishmania.
O biólogo conta que a utilização dos vídeos em sala de aula trouxe
bons resultados. O material foi apresentado para alunos de ensino médio,
graduação e pós-graduação, e, logo depois, os pesquisadores aplicaram
um pequeno teste. “Avaliamos dois grupos de alunos: um ao qual foram
ministradas aulas tradicionais; outro ao qual foram ministradas aulas
com o material multimídia”, conta Teixeira. Os resultados indicam que os
alunos que assistiram aos vídeos assimilaram melhor o conteúdo. “A
principal vantagem que percebemos foi a motivação dos estudantes, o que
indicou que o ensino com as animações foi mais agradável e mais
eficiente. Constatamos, de fato, que o aprendizado foi mais rápido.”
A utilização dos vídeos em sala de aula trouxe
bons resultados: os alunos que assistiram aos vídeos assimilaram melhor o
conteúdo
O projeto já está atraindo o interesse de instituições de outros países. O Inbeb recebeu recentemente da agência espacial dos Estados Unidos (Nasa) um pedido de cessão do vídeo sobre o ciclo de vida do T. cruzi. A Nasa quer usar o material para instruir os participantes de um programa de pesquisa sobre a possibilidade de ação dos vetores do Trypanossoma cruzi e da entrada da doença de Chagas nos Estados Unidos em decorrência das mudanças climáticas.
Outros vídeos já estão sendo produzidos ou programados pelos pesquisadores. “Está em produção um vídeo sobre o ciclo de vida do Toxoplasma gondii, protozoário causador toxoplasmose”, diz Teixeira. “Além disso, planejamos elaborar um vídeo sobre protozoários do gênero Plasmodium, causadores da malária, a partir do início de 2014.”
Os vídeos mais bacanas
Segue abaixo os três vídeos sobre o ciclo de vida da Leishmania, parasita causador da leishmaniose, e que todos deveriam ver!
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