Das doenças
negligenciadas junto à Organização Mundial de Saúde – OMS, as
leishmanioses estão entre as seis endemias prioritárias no mundo. É uma
zoonose causada por protozoários do gênero Leishmania, sendo veiculada
através de vetores flebotomíneos.
Na região Centro-Oeste, o Estado
de Mato Grosso do Sul apresenta o maior número de casos notificados,
seguido de Goiás e Mato Grosso, que apresentam, ao longo dos anos, uma
tendência crescente de casos.
Em Campo Grande, o primeiro isolamento
de Leishmania infantum em cães ocorreu em 1998 e os primeiros casos
humanos foram notificados em 2002.
Este projeto está vinculado
ao Projeto de Pesquisa Geoepidemiologia da leishmaniose visceral em
Campo Grande-MS, cujo objetivo é elaborar um sistema de informação
geográfica (SIG), integrando dados da leishmaniose visceral humana e
canina em Campo Grande-MS, para o planejamento estratégico de ações de
controle da doença em áreas vulneráveis do município.
Com base nos
SIG, os dados de incidência de LV estão em fase de análise. O que pode
ser observado até o momento é que, dentre os bairros da cidade, o Aero
Rancho pode ser considerado uma das áreas de maior vulnerabilidade com
incidência média de 30,7 casos entre 2007 e 2011, caracterizando-se como
excelente área de estudo e aplicação de educação sanitária para a
redução da morbidade e melhora da condição de saúde da população.
Dessa forma, o Projeto Leishnão tem como proposta aplicar um plano
estratégico de educação em saúde para o controle da leishmaniose
visceral em uma área vulnerável de Campo Grande-MS.
Isso é possível
pela integração de três grandes áreas das ciências, nós da Medicina
Veterinária, aplicando os conhecimentos de saúde pública, usando como
caminho as ciências sociais e artes cênicas, para obter números e, dessa
forma, utilizá-los como ferramenta de tomada de decisões.
A
primeira etapa do projeto envolve os Centros de Educação Infantis -
CEINFs do bairro Aero Rancho e, como todo começo, houve muitas
dificuldades principalmente de acesso às escolas, então esse acesso foi
por meio da Secretaria Municipal de Educação - SEMED. Como a adesão das
escolas é voluntária, depende muito do interesse do diretor, então a
principio apenas três escolas aceitaram o projeto.
E por
coincidência essas escolas já estavam integradas no programa PSE -
Programa Saúde na Escola, cujo intuito é levar os profissionais da saúde
nas escolas promovendo assistência em saúde. Então, essa associação
Projeto Leishnão + PSE + Auxílio pedagógico das professoras amplia o
âmbito de informações não só no sentido lúdico, mas na informação
técnica promovida pelos profissionais de saúde.
Nessas escolas,
o abre portas foi o teatro; como são crianças de até 5 anos, esse
método de abordagem teve bastante aceitação por parte dos professores e
pelas crianças, que rapidamente captaram o que deveria ser feito para
evitar a leishmaniose, e, quando era feita essa pergunta, algumas
crianças gritavam “limpar”!
Depois da apresentação, é feita uma
reunião na qual os professores são orientados sobre a doença e recebem
um folder, bem curto, de linguagem acessível para que possam trabalhar
da melhor forma possível com as crianças em sala de aula e com os pais
desses alunos. O folder tem um desenho no final, que facilita a
abordagem tanto com as crianças quanto com os pais, sempre mostrando que
se a gente conseguir acabar com o mosquito, que gosta de ficar em
ambiente sujo, a criança, o cachorro e os animais silvestres não ficarão
doentes, e assim é interrompido o ciclo da doença.
Como outra
forma de divulgação e acesso às informações, criou-se uma página no
Facebook e o Blog Leishnão, que acaba atingindo outro tipo de público. E
a ideia é essa, levar informação a maior quantidade de pessoas
possível.
O projeto estava previsto para começar em maio de
2013, porém devido a todas as dificuldades, a primeira apresentação
ocorreu apenas em setembro, dessa forma o número de participantes que o
projeto alcançou até o momento foi de 250 crianças e, consequentemente,
suas famílias e 30 educadores. O teatro também foi apresentado na VI
Mostra Científica que ocorreu na FAMEZ, na qual o público foi de 100
pessoas. Com a parceria do Programa de Educação Tutorial – Zootecnia
(PETZOO), espera-se alcançar público de 600 pessoas até o fim do ano.
O calendário de atividades encontra-se à disposição no Blog Leishnão.
A imprensa se interessou em cobrir a ação de extensão que será
realizada no CEINF Dom Antônio Barbosa, no próximo dia 29/11 à tarde.
Isso nos deixou muito felizes, pois chamando atenção da mídia
conseguiremos ampliar mais e mais o número de escolas interessadas.
Para 2014, além das escolas infantis, o público-alvo será composto por
adolescentes e adultos, e os centros comunitários serão envolvidos,
então a abordagem terá que ser um pouco diferente, com palestras,
dinâmicas de grupo e distribuição de cartilhas (em fase de impressão),
que apresentam conteúdo de linguagem também acessível, que aborda os
principais tópicos: se é conhecida a doença, características do
mosquito, breve histórico da doença, os sintomas, a prevenção, o
tratamento e sobre a posse responsável dos animais.
Em relação
aos gastos do projeto: a cartilha foi financiada pela FUNDECT, pois já
estava prevista no Projeto de Pesquisa. A confecção do folder e o
transporte até as escolas foram custeados pela própria FAMEZ. O custo do
material do teatro (R$ 150,00) foi dividido pela equipe e as camisetas
adquiridas por livre adesão.
Como considerações finais, o
projeto é bastante promissor e integra conhecimentos, não só da área de
medicina veterinária, mas de saúde pública. Propõe ação transformadora e
espera causar impacto positivo na educação em saúde. Isso demonstra a
importância do processo de conhecimento e que a conscientização não deve
se restringir ao mundo acadêmico ou aos adultos, mas envolver também
crianças, alunos e professores, pois esses são os grandes disseminadores
de informação e dessa forma acabam exercendo melhor sua cidadania.
Obrigada!
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