O Projeto LeishNão

Este é um projeto de extensão desenvolvido por professores e acadêmicos dos cursos de Veterinária, Enfermagem, Ciências Biológicas, Medicina e outros cursos de saúde da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Nosso foco é a educação em saúde para a prevenção e controle da leishmaniose visceral humana e canina mato Grosso do Sul.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Audiência Pública resulta em grupo para elaboração de política de combate à Leishmaniose

No dia 15 de agosto de 2014 aconteceu a Audiência Pública sobre leishmaniose na Câmara Municipal de Campo Grande-MS. O tema proposto foi  "Prevenção e combate a leishmaniose – estamos no caminho certo?" e compareceram no evento veterinários, proprietários de cães, representantes do MAPA, FIOCRUZ, CCZ, CRMV-MS, DECAT, OAB e representantes da Câmara Municipal de Campo Grande. A discussão foi longa e calorosa e o principal encaminhamento foi a criação de um grupo multidisciplinar de trabalho para a elaboração e implantação da política municipal de combate à leishmaniose. Se realmente acontecer, será um ganho sem precedentes para a saúde pública, para o bem estar animal e para a sociedade como um todo.


Nós do LeishNão apoiamos e trabalhamos com a prevenção e o controle da leishmaniose. Defendemos que a eutanásia não deve ser um método isolado, já que a leishmaniose é uma doença infecciosa, não contagiosa e depende de um vetor para sua transmissão, o que torna o controle e prevenção mais complexos. Estudamos e pesquisamos a epidemiologia da doença em Campo Grande, para propormos medidas factíveis tanto para as instituições parceiras do projeto quanto para a sociedade como um todo. Entendemos que a educação sanitária sobre a leishmaniose e outras zoonoses deve vir acompanhada de educação sobre posse responsável e que o poder público deve tomar providências para que a leishmaniose deixe de ser a doença negligenciada e passe a ser prioridade pública - e política. Somente apoiaremos o tratamento quando existirem protocolos terapêuticos autorizados pela legislação vigente, devidamente validados e seguros, tanto para os cães quanto para a saúde pública.

Acreditamos que o êxito no controle e prevenção são possíveis somente com a participação ativa da sociedade civil, das entidades de classe, dos órgão de ensino e pesquisa e do poder público, no contexto da Política Pública que está por vir. Sem a participação de todos os segmentos, não haverá um futuro melhor. Se quisermos que o assunto seja abordado com seriedade e que haja soluções de curto, médio e longo prazo, devemos trabalhar juntos e nos envolver na causa. A situação só mudará quando nós mesmos mudarmos e, se a mudança não for uníssona, não alcançaremos o tão almejado êxito.

Abaixo segue, na íntegra, a reportagem publicada na página da Câmara Municipal sobre a AP.

Audiência Pública resulta em grupo para elaboração de política de combate à Leishmaniose

Audiência pública sobre o tema ‘Prevenção e combate a leishmaniose – estamos no caminho certo?’, realizada nesta sexta-feira (15), na Câmara Municipal, resultou de quatro encaminhamentos para o controle da doença em Campo Grande. Entre os principais encaminhamentos, um grupo de trabalho multidisciplinar será composto por técnicos de diferentes representações, a fim de elaborar, em conjunto com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), uma política municipal de combate à Leishmaniose.
O vereador Eduardo Romero (PTdoB), proponente da Audiência Pública, sugeriu também a instauração da Comissão Permanente do Bem Estar Animal na Casa de Leis. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente também será oficiada a fim de promover fiscalização nos imóveis fechados e terrenos baldios da Capital, como medida do controle vetorial da doença.
Sugere-se também que o controle populacional dos animais seja efetuado por meio da ampliação dos procedimentos de castração de animais. De acordo com os veterinários, a transmissão vertical da doença e um dos agravantes nos índices de animais infectados, isto é, a transmissão da cadela para seus filhotes.
Outro ponto bastante citado pelos veterinários é que a falta de informação colabora para a não erradicação da doença. Segundo a categoria, o animal é apenas reservatório da doença, mas não a transmite. A transmissão da Leishmaniose se dá pela picada do mosquito “Palha”, a exemplo da dengue. “Não se pega dengue de outra pessoa, pois é uma doença vetorial, transmitida por um mosquito, assim como a Leishmaniose”.
Com a presença expressiva de médicos veterinários, a eficácia da eutanásia de cães também foi questionada, já que os animais não transmitem a doença. Os veterinários defendem ainda a ideia de que, em locais onde não há cães, as pessoas estão mais vulneráveis à picada do mosquito.
De acordo com informações repassadas pela Coordenadoria de Controle de Zoonoses (CCZ) ao gabinete do vereador, desde o dia 25 de julho o órgão não recebe do Ministério da Saúde kit para testagem de leishmaniose em cães. Por conta disto não está recolhendo ou recebendo animais com a suspeita da doença. Quem suspeita que o animal esteja infectado tem que recorrer às clínicas particulares para efetuar o diagnóstico. Caso seja confirmada a doença, o proprietário pode apresentar laudo e o CCZ faz o recolhimento, mas não realiza o tratamento, apenas a eutanásia.
Ainda conforme a CCZ, em 2013 foram eutanasiados 16.323 cães e destes 94,28% por serem portadores de leishmaniose. Nos primeiros sete meses deste ano foram 8.536 animais, numa média de 1.219 por mês, com 94,6% deles com leishmaniose.
‘Eutanásia de cães não resolve toda problemática da leishmaniose. A política pública de educação da população e combate ao mosquito transmissor, o palha, vem antes de qualquer discussão, pois se existem animais doentes, humanos sendo infectados é porque o mosquito está se proliferando nas casas, nos terrenos baldios que oferecem condições de reprodução’, defende o vereador.
Outra polêmica permeia a questão: o tratamento dos animais com sorologia positiva. O Conselho Regional de Medicina Veterinária, que segue determinação federal, não permite o tratamento de animais com medicamentos não registrados no país, ainda que tenham eficácia comprovada no exterior.
A doença
Os principais sintomas da leishmaniose para os cães são o emagrecimento repentino e lesões em várias partes do corpo. O mosquito é encontrado em regiões de mata e na cidade, em regiões periurbanas, principalmente onde há árvores e que as folhas caem no chão e ficam úmidas. Esse é um ambiente propício para a proliferação do mosquito transmissor da leishmaniose, aí esse mosquito pica um animal que está contaminado e passa a transmitir a doença para o ser humano.
Há dois tipos da doença nos seres humanos: a cutânea e a visceral. A leishmaniose cutânea é caracterizada por úlceras, em formato de crateras de vulcão, na pele. A visceral acomete órgãos internos, principalmente o fígado e o baço, tendo uma complicação mais grave e com risco de morte. Os sintomas são febre, debilidade do organismo e comprometimento do fígado e do baço.
Lucas Junot 
Assessoria de imprensa do vereador

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